quinta-feira, 24 de março de 2011

I - Fórum de Psicanálise e Cinema - 2011



Data: 30/03/2011 - Quarta-Feira
Horário: 19:30
Local: APBa
Contato: (71) 33478777


Para mim, o elemento que mais chama a atenção neste filme que assistimos no último Fórum da Apba é a posição defendida pelo personagem que faz o papel de pai. Trata-se de uma demonstração clara do declínio do patriarcado na sociedade contemporânea. Este é um pai que só comparece na cena pelo desejo dos filhos em conhecer o "doador de sêmens". Um detalhe curioso e que vale ser lembrado é que o contato com o mesmo só foi possível pelo fato de que as mães guardavam em casa os documentos de registro de nascimento dos filhos em que consta um telefone da empresa que agencia um banco de sêmen. Neste primeiro contato apreciamos a cena em que a filha se mostra identificada pelos gostos deste "desconhecido". Esta identificação deixará marcas importantes, pois apesar da briga em que o pai é afastado do convívio da família é o chapéu que este lhe oferece que é levado junto com as malas que a levam para um novo endereço ao final da trama.


Outro aspecto muito bem ressaltado no debate da última quarta-feira, foi a fala de Dr. Euvaldo quando afirma que este pai sai do seu lugar quando pede desculpas à filha por ter se envolvido com uma de suas mães.

José Queiroz - Coordenador do Fórum de Psicanálise e Cinema da APBa e Professor do Curso de Psicologia da UNIJORGE


Um comentário:

  1. Me parece que esse pai doador de sêmem (fecundador), fecunda mais uma vez (depois de ter doado seu sêmem). Pois sua presença –convocada (não desejada por ele) abala a estrutura que essa família se encontrava, que era supostamente equilibrada.
    O garoto, deixa de andar com seu amigo perverso ( com saídas perversas?) que gozava do próprio corpo e dos outros – ao lembrarmos dos saltos no telhado e da sua mijada no cachorro. Parece que a opinião do pai-doador faz alguma função, da um limite. E esse amigo é deixado.
    Na filha, o desejo por um rapaz é sustentado, e como bem disse Dr. Euvaldo isso se deveu ao Édipo invertido – pois o pai trai a filha, trai o seu desejo incestuoso e também trai essa mãe (masculina) que ela estava identificada. Talvez por isso ela deixa de ser “nota 10” e volta bêbada e beijada.
    No caso da mãe (feminina) ela encontra uma saída ao desejar o homem que incomodava a sua parceira, ela desperta um ciúme nessa mulher e modaliza seu desejo por ela (que antes era de forma vacilante (dividia os momentos românticos com as ligações dos seus pacientes).
    Na mãe (masculina e detentora do poder financeiro da casa) o pai-doador faz um enorme rebuliço, porque ela deixa de ter a filhinha “nota dez” que chega bêbada em casa, e pior... de moto.. e com um homem! E com sua parceira - ela passa a repensar o valor que ela lhe dava em casa, desde suas tentativas de emprego até seu desejo por ela na cama, com isso, passa, se podemos, a lhe dar um lugar de sujeito e não apenas de objeto.
    Por fim, o pai-doador também é alvo dessa trama familiar, porque ele passa a se interrogar imaginariamente que nunca teve família, e como Dr. Euvaldo disse, no momento em que ele é convocado a responder do lugar de um pai (simbólico), ele fracassa ao pedir desculpas (ao recuar do desejo). Continuando a ser um fecundador.

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