quarta-feira, 1 de junho de 2011

BOLSONARO SAI DO ARMÁRIO?

       Desde a retirada da classificação da homossexualidade como doença, em 1990, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o reconhecimento do direito ao amor homoafetivo, como uma questão de direitos humanos, vem ganhando espaço crescente na sociedade e na mídia, cujo exemplo mais recente foi o tórrido beijo entre duas mulheres numa telenovela brasileira. Hoje, uma forma de amor que já ousa dizer o nome.


       Longe estamos do fim da discriminação. Os elevados índices de violência física e psicológica fazem parte dos noticiários quase cotidianamente. Os movimentos organizados, como o atuante GGB, aqui na Bahia, tem denunciado incansavelmente essas ocorrências. Também o Estado tem dado algumas respostas frente a essa questão, cujo exemplo mais recente foi o bem-vindo reconhecimento da união estável entre cidadãos do mesmo sexo.


      A homofobia, essa sim, uma patologia, é uma aversão aos homossexuais que pode se manifestar através das “pilhérias inocentes” chegando até a manifestação obscena, verbal ou física. Mas o que se perfila no horizonte dessa patologia é o medo da homossexualidade. Talvez no medo, possamos identificar a raiz desse fenômeno que é apenas a ante-sala de conflitos internos mais perturbantes. Num mundo cujo poder patriarcal está em franco declínio, onde as insígnias da masculinidade sofrem abalos sísmicos freqüentes, aonde um homem poderia encontrar uma garantia do que é ser macho? Possível pensamento inconfessável de um homofóbico: na dificuldade em lidar com meus conflitos internos, elimino no outro aquilo que reprimo e não tolero em mim.
             
       Em entrevista recente a Folha de São Paulo, de 11/05, o deputado Jair Bolsonaro soltou uma pérola ao responder ao repórter se estaria usando a verba de gabinete para imprimir panfletos contra uma cartilha sobre diversidade sexual a ser distribuída nas escolas. Fala Bolsonaro! “Você só quer me ferrar. Minha bunda é mais cobiçada do que boiola, a bunda dos homossexuais. O pessoal quer botar de todo jeito. Mas tudo bem...”. Em uma análise, esse seria o momento de cortar a sessão.


Claudio Carvalho - Psicanalista, Coordenador do Fórum de Psicanálise e Sociedade da APBa (ccarvalho19_23@hotmail.com)

Nenhum comentário:

Postar um comentário